O projecto visa a reabilitação integral e ampliação de uma moradia unifamiliar de 1970 em Benfica, que se encontrava em estado de ruína. A intervenção transforma o volume obsoleto num T2 moderno de dois pisos (com mezanino), com foco na redefinição da espacialidade e no aproveitamento da luz natural. Através da demolição e criação de novas circulações, o piso térreo estabelece um espaço social amplo e contínuo (sala/cozinha) que rasga a implantação, garantindo a iluminação transversal do logradouro ao hall de entrada. O hall de acesso, com a sua parede curva, e a implantação que se fecha para a rua e abre para o pátio interior, são elementos conceptuais chave para garantir a privacidade e fluidez do novo habitar. A altura de fachada de 4,70 m é mantida em conformidade com o valor modal do quarteirão.

A filosofia do projecto, baseada no aproveitamento do vazio e na capacidade refletora do branco, utiliza o design para integrar as novas exigências de habitabilidade. O mezanino concentra os espaços íntimos (quartos/suítes), que recebem luz natural direta, complementada por claraboias nas instalações sanitárias. No exterior, o logradouro é reabilitado como um pátio, onde a plantação de uma oliveira num vazio circular reforça a ligação visual e espacial com o interior e com a forma curva do hall. A nível de materiais, destaca-se o uso de madeira maciça de pinho nos pavimentos e pedra mármore de Estremoz em zonas húmidas, conferindo nobreza e simplicidade ao projecto final. Este é um paradigma de reabilitação urbana que devolve à cidade um imóvel devoluto, adaptando-o à nova realidade habitacional.

Equipa

Bruno Câmara, Íris Pedro, João Câmara, Miguel Vieira da Silva, Carolina Cruz, Marianna Nascimento, Vicente Évora